O olho do dono é que engorda o boi: verdadeiro ou falso?

Por Adriana Lima
Diretora de Operações da rede Rei do Mate

Vários ditados populares brasileiros são conhecidos no encantador mundo do varejo, mas, provavelmente, os mais famosos são: “o olho do dono que engorda o boi ou a boiada” (no caso de uma rede!) e “barriga no balcão”.

Traduzindo para o mundo dos negócios, isso quer dizer que o dono do negócio deve estar sempre à frente, acompanhando de perto e trabalhando ativamente no ponto de venda.

Num passado não muito remoto, essas frases eram bem verdadeiras e deveriam ser seguidas ao “pé da letra”. Hoje, com a mudança do varejo, a expansão das redes, entrada ativa da tecnologia e, consequentemente, a profissionalização da gestão, arrisco dizer que elas são válidas, mas perderam peso.

Claro que qualquer negócio só vai adiante e se torna próspero com o olhar ferrenho do dono, mas isso não significa que ele precise estar atrás do balcão. Que tenha que atender cada cliente. Fazer as compras. Abrir e fechar a unidade.

O empresário de hoje precisa dominar o seu negócio. Entender os detalhes. Saber o que acontece em cada departamento, horários de mais ou menos vendas, conhecer a concorrência, ter bons relacionamentos com parceiros, superintendente de shopping (se for o caso), funcionários e clientes. Comprar bem e pagar as contas em dia. Selecionar, treinar e gerenciar a equipe. E muito mais, claro!

Acha difícil colocar tudo isso em prática? Veja algumas dicas:

Antes de montar um negócio:

• Escolha algo de que realmente goste e tenha interesse;
• Se for franquia, analise muito e detalhadamente o futuro parceiro. Você precisa sentir confiança e vontade de crescer junto com a marca;
• Verifique a concorrência – tanto do segmento escolhido quanto do local onde montará o negócio. O ponto comercial correto é garantia de mais da metade do sucesso;
• Clientes – quem são, onde estão, como alcançá-los?
• Quem são ou poderão ser seus fornecedores? Qual é a capacidade de produção, periodicidade de entrega, preço de custo, até que ponto terá liberdade para trabalhar o preço de venda?
• Equipe – quantos, quem e como treiná-la?
• E, o mais importante: tenha certeza de que tem disponível mais dinheiro do que será necessário para que o “sonho se realize”. Caso contrário, virará um pesadelo.

Sua dedicação até então só começou, pois, depois do negócio aberto, é preciso atentar a esses pontos:

1. 1. Equipe – Quantos, quem e como treiná-los? O processo de seleção tem que ser bem detalhado e focado no tipo de negócio. E o treinamento deve ser inicial, com reciclagens constantes. A cada nova situação vivenciada, é fundamental compartilhar com a equipe e, talvez, até incluí-la nos treinamentos futuros;

   2. Sistema de gestão – Hoje, são várias as ofertas de softwares especializados. Escolha aquele que realmente te ajudará a analisar e conhecer o seu negócio. Entretanto, lembre-se de que não adianta ter a informação e não analisá-la. Os dados serão específicos de cada ponto de venda estão à sua disposição para que você conheça detalhadamente cada venda, cada consumidor;
   3. Compra correta – O estoque sempre tem que ser adequado à venda, ou seja, nem pouco demais para faltar e impossibilitar uma venda e nem cheio demais, para ter um valor significativo investido e parado. Estoque é dinheiro guardado, mas sem correção;
   4. Comunicação – Como tornar o negócio conhecido, ter mais e mais clientes? Estar atento a todo tipo de comunicação adequada para o meu público-alvo, investir sempre. Hoje, as mídias digitais são uma ótima opção para todos os segmentos e públicos;
   5. Atendimento – O que fazer para que os clientes gostem, comprem e voltem sempre? Quando e quanto deve ser investido em treinamento?;
   6. Gestão financeira – O mesmo sistema de gestão poderá dar esse suporte, permitindo que se tenha o melhor resultado. Mas, talvez, o mais importante seja separar a pessoa jurídica da pessoa física, isto é, definir o seu pró-labore (seu salário fixo, numa maneira genérica de definir) e batalhar para que o negócio seja sempre mais rentável. Só a partir disso, com o lucro, você pode designar parte dele para reinvestir no negócio e o restante para recuperar o valor investido e/ou desfrutar.

Mesmo sabendo que todos os itens acima deverão ser muito mais detalhados ao abrir um novo negócio, dá para ficar claro como SIM, o Olho do Dono Engorda o Boi. Portanto, coloque a barriga no balcão (ops, no seu negócio) e mãos à obra.

Sucesso!