Por Adrián Aguilera
Membro fundador do Portal NDEV Brasil
Especialista em Cinemas e Entretenimento na América Latina

Expectativa. Grande expectativa. Fala-se muito sobre a história a ser contada. Público que aguarda com ansiedade às 12:01 para começar a sessão. Grupos coordenam atividades que incluem fantasias, fotos, vídeos… Tudo é comemoração.

A mídia divulga o acontecimento e múltiplos anúncios apresentam o grande sucesso prestes a ser lançado. Espectadores que contam os dias e as horas para chegar a tão esperada estreia. É disso que um filme precisa antes de ser lançado.

Ingressos comprados com mais de um mês de antecedência. No dia, filas para comprar na bilheteria, para entrar na sala e para pegar a pipoca no balde comemorativo. O lobby cheio e salas lotadas na máxima ocupação.

Público empolgado e engajado. Ansioso para conhecer a história, disposto a desfrutar a ação e se emocionar com os efeitos e os famosos personagens lutando e brincando, mesmo que o filme dure 184 minutos (será que cabe um intervalo?). É tudo que o público fã quer.

É tudo isso que a indústria de cinema espera. Filmes que tenham a capacidade de gerar grandes resultados, de serem veículos que criem expectativa no espectador, criando histórias que gerem a vontade de as pessoas saírem de casa e sentirem, em conjunto com uma plateia, emoções, sentimentos e, especialmente, de terem uma experiência.

Vingadores: fenômeno de bilheteria no Brasil

Foi assim que o filme Vingadores: Ultimato, transformou-se no melhor resultado da indústria do cinema no mundo. Mais de 2,7 bilhões de dólares de bilheteria (e contando), convertem-no no maior sucesso da Disney – não falaremos aqui de quanto pode se fazer com sequer 1% desse resultado ou sobre como a Disney está virando uma gigante dos meios de entretenimento.

No Brasil, 20 milhões de fãs foram aos cinemas para curtir este novo capítulo da já famosa saga Vingadores (ok, algumas pessoas só assistiram por muito amor aos filhos). São filmes repletos de super-heróis lutando pelo bem da humanidade.

Neste caso, há um malévolo querendo fazer com que o mundo acabe, e um grupo de valentes super-heróis resiste à investida do mal. Sim, finalmente uma mulher liderando os esforços de salvar nosso mundo!

Não coloquemos em questão a história, trama ou o legado cultural. Filmes são feitos para todos os gostos, vamos combinar. E, de fato, a saga tem sido vitoriosa, pois todos os filmes dos Vingadores têm conseguido superar os seus próprios resultados de capítulos anteriores.

Claro, os refletores estão neste último, chamado de Ultimatum, que alcançou metas extraordinárias dentro da indústria. O resultado no Brasil ficou dentro dos melhores cinco do mundo, inclusive superando países que normalmente têm maior desempenho como México, Japão e Alemanha.

Fora de qualquer recorde de bilheteria ou número de ingressos vendidos, Vingadores Ultimatum nos fornece um exemplo de aproveitamento, coordenação e, especialmente, parceria que não teve precedentes similares entre os que sempre foram grandes parceiros.

Como Vingadores representou uma oportunidade para várias empresas

A expectativa não foi apenas dos fãs ou dos operadores de cinema. Empresas de diversos setores esperavam com ansiedade o momento da estreia. Elas deviam aproveitar e oferecer o melhor serviço aos milhões de clientes que passariam pelas salas de cinema.

As pessoas que iam ao cinema deviam antes entrar no Shopping Center, andar pelos corredores frente às vitrines, jantar antes ou depois da sessão. Foi uma oportunidade única para aumentar o faturamento num ano bastante indecifrável.

Neste momento de auge, tivemos uma coordenação e sinergia inusitada entre as Administradoras de Shopping Center e as Operadoras de cinema. Começando por facilitar o acesso aos cinemas. Imaginem organizar um lobby de cinema com 1.500 pessoas aguardando o horário da sessão!

Os shoppings estenderam o horario de atendimento ao cliente, normalmente fechando às 22h. Sabendo que muitos fãs esperariam a sessão das 12h01 e sairiam ao redor das 3h, foram montados ótimos esquemas de segurança para administrar o fluxo de clientes.

Houve também um convite bem aproveitado pelas empresas de alimentos e restaurantes dentro dos shoppings. As praças de alimentação também estenderam o horário de atendimento ao cliente e funcionaram, inclusive, depois da meia noite.

Toda essa organização parece óbvia, mas nunca foi. Por anos, as atividades de cinema dentro dos centros comerciais se mantinham muito isoladas do restante da operação de shopping. O foco sempre foi o varejo, mas hoje em dia não é mais. Atualmente, prima-se pela sinergia criada entre entretenimento e gastronomia, entre varejo e a experiência de compra, entre o ambiente e o lazer dentro de espaços agradáveis.

A força tarefa Vingadores Ultimatum gerou tão bons resultados que as Administradoras já estão marcando as datas de próximos filmes de alto fluxo para repetirem essas ações.

A indústria toda celebra este acontecimento: o cliente no centro das atenções. Facilitou-se a vontade de milhões de espectadores de assistirem a um filme ou simplesmente se fez mais agradável a rotina de verdadeiros fãs que quiseram ficar até altas horas da madrugada conferindo uma estreia.

Não há dúvida de que a história contada, produzida e filmada é sempre o centro das atenções na indústria do cinema. O fato é que, no Brasil, além dos recordes e grandes números do filme, tivemos um exemplo de como as empresas podem ser organizar e coordenar esforços para um benefício conjunto. Que venham os próximos filmes!

É possível gerar essas sinergias e criar uma experiência única ao cliente. Essa é uma história para ser contada com tanto mérito quanto nos momentos em que Tony Stark e Capitã Marvel vencem a grande batalha pelo bem do mundo.