Por Estadão

O McDonald’s tem um novo plano para aumentar as vendas de Big Macs: trabalhar como “Big Tech“.

Este ano, a corporação gastou milhões de dólares na aquisição de empresas de tecnologia especializadas em inteligência artificial e em machine learning. E a cadeia de fast-food criou um novo centro tecnológico no coração do Vale do Silício – o McD Tech Labs – onde uma equipe de engenheiros trabalha em um software de reconhecimento de voz.

O objetivo é tornar o McDonald’s uma versão mais apetitosa do que a Amazon.

Nos últimos anos, as vendas de fast-food caíram nos Estados Unidos em geral. E a nova ênfase da cadeia  em tecnologia é uma tentativa de reverter esta tendência.

Atualmente ela utiliza cardápios digitais em seus drive-throughs nos EUA programados para comercializar estrategicamente a comida, levando em contra fatores como a hora do dia, o tempo, a popularidade de certos itens do cardápio e a demora no atendimento. No final de cada transação, os monitores agora mostram uma lista de recomendações, que estimulam os clientes a pedir mais.

Em alguns drive-throughs, o McDonald’s testou uma tecnologia que reconhece os números das placas dos automóveis, o que permite que ela elabore uma lista personalizada de sugestões de consumo a partir dos pedidos anteriores do cliente, desde que a pessoa concorde em informar os próprios dados.

“Ocorre que as pessoas crescem esperando este tipo de coisa em outros aspectos da sua vida. Por que seria diferente quando fazem o seu pedido no McDonald’s?”, disse Daniel Henry, diretor de informações da cadeia. “Nós não achamos que a comida deva ser diferente do que o que o público compra na Amazon”.

Restaurantes e outros empreendimentos estão utilizando uma nova tecnologia para coletar dados do consumidor e depois usá-los para estimular mais consumo.

“Um grande número de cadeias de restaurantes, as maiores principalmente que têm o dinheiro e o peso e a penetração para tanto, estão se tornando praticamente empresas de tecnologia”, afirmou Michael Atkinson, que dirige a Orderscape, uma companhia que fornece tecnologia para pedidos com comando de voz.

Em março, o McDonald’s gastou mais de US$ 300 milhões para adquirir a Dynamic Yield, uma companhia sediada em Tel aviv que criou os instrumentos de Inteligência Artificial hoje usados em milhares de drive-throughs da McDonald’s.

Os algoritmos para as recomendações embutidos nos cardápios digitais dos drive-throughs geraram pedidos maiores, informou o diretor executivo da cadeia, Steve Easterbrook, em uma divulgação do balanço em julho. (Henry não quis revelar o montante do aumento.)

Os críticos da inteligência artificial alertam que a tecnologia poderá levar a um futuro distópico. No entanto, antes do apocalipse dos robôs, a IA poderá nos tornar seguramente mais gordos.

“As consequências indesejadas de algo que estimula as pessoas a comer mais fast-food não saudável são reais e as taxas de obesidade e diabetes estão aumentando”, disse o dr. Scott Kahan, que dirige o National Center for Weight and Wellness, uma clínica de obesidade de Washington. “Estas tecnologias fazem com que as pessoas tenham mais dificuldade para encontrar uma moderação razoável”.

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