De DCI
Frente à mudança dos hábitos de consumo, redes de supermercado de diversos portes apostam no aumento da oferta de serviços dentro do negócio e nas entregas expressas de carnes e hortifruti para conquistar mais clientes.
“Estamos passando por um momento de profundo processo de transformação no varejo. O desafio está na necessidade de ajustar o portfólio de produtos em nossas operações multi região e multi formato. Hoje temos 72 lojas que fazem entregas express em algumas horas”, afirmou o diretor-presidente do Grupo Pão de Açúcar, Peter Estermann.
De acordo com o executivo, uma das ferramentas para acelerar a prestação de serviço são as parcerias com startups e fomento de inovação. “Temos a startup Cheftime que é uma empresa de receitas de alimentos e que também elabora kits gastronômicos prontos para os clientes” disse, lembrando outra recente aquisição do grupo, a startup de entregas expressas James Delivery.
Ainda de acordo com Estermann, a ampliação da gama de frutas, verduras e produtos hortifruti é outra importante estratégia. “Quando o assunto é o consumidor que compra pela internet, o desafio que se coloca é ainda maior, visando eliminar os pontos de ruptura com o cliente e disponibilizar um sortimento variado e assertivo”, afirmou o executivo, lembrando que a demanda sobe no interior dos estados.
Outro exemplo de varejista alimentar que acredita na demanda de entregas rápidas é o supermercado Agricarne. “Hoje, mais de 60% do faturamento vem dos serviços de entregas regionais. A maioria dos clientes prefere pedir por telefone, mas também existem encomendas por WhatsApp”, diz o proprietário da rede de Brasília, Edilson da Cunha.
O executivo conta que tem a intenção de abrir um depósito para aperfeiçoar o sistema de entregas, que tem hoje frota própria de sete carros. “Nossa intenção é sempre estar o mais próximo possível do cliente, por isso, não pensamos em terceirizar o sistema de entregas”, afirmou. Segundo ele, a terceirização da logística muitas vezes “mina” a relação direta com o cliente e faz com que o varejo fique conhecido apenas como fornecedor.
Além disso, outra razão apontada por Cunha para a necessidade de abertura de um novo depósito é o atendimento de entregas dos mais distintos perfis. “Existe cliente que gasta R$ 12 mil mensalmente e o que gasta R$ 40 de forma pontual e esporádica.”
Também de Brasília, a rede de supermercados Super Canteiros tem como foco principal o atendimento ao público C e D. “Existe muita demanda nas regiões periféricas de Brasília que ainda não são supridas pelo varejo alimentar. Vejo potencial de categorias de produtos como frutas, legumes e verduras nesses locais. Além disso, a área de padaria da rede nesses bairros também está aumentando”, disse Edvar Cunha, proprietário do negócio.
Até o final do ano, o executivo pretende abrir mais uma unidade, chegando a três em operação. No entanto, ele pondera que atuar com a proposta de prestar serviços de entrega e abastecimento nessas regiões requer contratação de mão de obra qualificada, o que “muitas vezes é difícil de encontrar”.