Uma das datas mais importantes para o varejo paulista, o Dia das Mães não terá impacto significativo no desempenho do setor neste ano, segundo um estudo feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O estudo projeta um crescimento tímido de 2,5% no faturamento deste mês em comparação a maio de 2020, quando os varejistas viram suas receitas caírem a um dos menores níveis da história (-13,3%). A alta de agora, no entanto, será motivada principalmente pela demanda por materiais de construção, cujas lojas devem faturar 22,8% a mais do que em maio do ano passado.

Além disso, segundo a FecomercioSP, o que evitará um resultado negativo no mês, de -0,2%, será o auxílio emergencial pago pelo governo federal que, embora de valor menor do que aquele de 2020, vai injetar R$ 1,54 bilhão no consumo das famílias paulistas em maio. Se não fosse pelo benefício, o varejo faturaria R$ 56,2 bilhões – e não R$ 57,7 bilhões, como prevê a federação para o período.

Atividades sensíveis à sazonalidade

A perda de força do Dia das Mães é mais evidente considerando-se as projeções das atividades mais sensíveis à sazonalidade da data. Entre elas, apenas as lojas de vestuário, tecidos e calçados devem crescer neste mês. A alta estimada é de 12,6% em relação a maio de 2020, quando o País experimentava o primeiro período crítico na pandemia de Covid-19. Fazendo a comparação com maio de 2019, em um contexto de normalidade, no entanto, nota-se que elas perderão quase dois terços do seu tamanho (-59,9%).

As lojas de móveis e decoração, porém, vão viver um dos piores Dia das Mães dos últimos anos: além de perderem 17,7% do tamanho em comparação a maio de 2020, a queda será de 32,5% em relação a 2019, em um cenário ainda sem pandemia. É uma situação semelhante aos revendedores de eletrodomésticos e eletrônicos, que não apenas verão uma retração de 8,2% comparando com o ano passado como ainda experimentarão uma baixa de 24,4% ao fazer a mesma operação para maio de 2019.

No geral, as atividades sensíveis ao Dia das Mães vão fechar o mês de maio em declínio de 3,1% em comparação a 2020 e de 4,8% em relação ao ano anterior, último sem pandemia – quando a data ainda era uma das mais relevantes para o varejo.

Auxílio para compra de alimentos

Nos supermercados, o faturamento deve cair 3,9% em relação a maio de 2020, mas subir 15,5% na comparação ao mesmo mês de 2019. O resultado sugere que, neste Dia das Mães, as famílias vão usar o auxílio emergencial para comprar alimentos – a principal destinação do benefício desde o início da pandemia.

A previsão ainda pode ser confirmada observando as projeções do gasto médio familiar, com base em um indicador inédito elaborado pela FecomercioSP a partir deste mês. Por meio delas, é possível ver um aumento apenas no consumo de roupas, que deve subir 11% dentro do orçamento familiar em maio na comparação com 2020. Na comparação com os números com maio de 2019 – o último Dia das Mães sem pandemia -, esses gastos serão 61,1% menores agora.

Todos os outros gastos vão cair na comparação com o ano passado: itens de beleza (-0,6%), eletrodomésticos e eletroeletrônicos (-9,5%), mobiliários e artigos do lar (-18,9%) e alimentação e produtos de higiene (-5,3%). No geral, as famílias vão gastar 4,5% a menos de seus orçamentos com compras para o Dia das Mães – número que é de -7,5% na comparação com 2019.

Para a federação, a pesquisa apresenta um cenário de desconfiança e preocupação das famílias, que veem, de um lado, o auge da crise de Covid-19 no País e, de outro, o declínio de suas condições econômicas, com aumento do endividamento, da inflação e do desemprego e, em paralelo, queda da renda.

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