Por Valor Econômico

As três maiores redes de lojas de conveniência instaladas em postos de gasolina do país – am/pm, BR Mania e Select – tentam consolidar novos formatos para superar o baixo crescimento observado no ano passado. Levantamento da Nielsen contratado pela Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis (Plural, antigo Sindicom) mostra que o faturamento da categoria em 2018 cresceu apenas 1,4% e atingiu R$ 7,5 bilhões. No ano anterior a alta foi de 3,2%.

Na avaliação do gerente de mercado e conveniência da Plural, Eduardo Serpa, o setor deve ter um crescimento mais consistente em 2019 porque o varejo de supérfluos costuma responder rápido à retomada da economia. Ele lembra que tabaco e bebida alcoólica representam 64% das vendas em lojas de conveniência. “É um negócio lucrativo com uma penetração de apenas 20% no conjunto de postos do Brasil. Nos Estados Unidos, por uma questão cultural e de presença nas estradas, esse dado salta para 88%”, compara.

Serpa diz que o aumento de receita esperado para este ano não deve vir apenas do aumento do número de lojas, mas sobretudo do foco em formatos mais complexos, que contemplem o consumo de vizinhança e aumentem o valor do tíquete por meio da oferta de produtos com maior valor. Serviços de restaurante, produtos saudáveis e “franquia dentro de franquia” também devem ganhar espaço.

Lojas com maiores dimensões estão no centro da estratégia da Ipiranga, de acordo com Marcello Farrel, diretor da am/pm. Líder de mercado em 2018, a rede inaugurou 78 lojas, chegando a 2.493 unidades, que faturaram R$ 2,1 bilhões, 28,5% da receita total do setor no ano passado. Farrel explica que ainda é possível aumentar a presença em postos Ipiranga, hoje em 30%, mas o foco será multiplicar o formato de loja com padaria, o terceiro maior dos cinco existentes, e que tem um mix ampliado de mercearia, cervejas e vinhos. A ideia é oferecer um serviço mais diversificado ao motorista, mas também avançar no mercado de vizinhança, hoje dominado pelos chamados “mercados express”.

“Há muito tempo a compra de mês vem perdendo espaço. O consumidor tem comprado menos itens e com maior frequência, sempre no trajeto de volta do trabalho ou próximo de casa”, diz. De olho nesse mercado, a rede também pretende abrir lojas fora dos postos de gasolina. “O consumidor tem sinalizado que aprecia opções perto de casa e ir além dos postos vai ampliar muito o nosso horizonte”, acrescenta. Ao mesmo tempo, são realizados testes para a expansão da linha de “superstores”, formato já existente no Rio e em São Paulo. Com mais de 450 m2, são lojas com área de hortifruti e espaço para itens de churrasco. Hoje, o modelo só está em postos próprios da rede Ipiranga.

Já a rede BR Mania, da Petrobras, encolheu. Fechou 31 lojas no ano passado e viu o faturamento cair 9,6%, para R$ 1,1 bilhão. Ainda assim, é a segunda em abrangência, com 1.344 unidades em todo o país. A companhia informou que fechou unidades “que não estavam performando bem para sanear a rede e buscar um crescimento saudável”.

Além disso, atribuiu o resultado à crise econômica e à greve dos caminhoneiros, que interrompeu o fluxo de clientes por 10 dias em maio do ano passado. Para modernizar as lojas existentes, a empresa informou que tem adotado a opção de pagamento em totem e já possui uma plataforma para pagamentos por aplicativo. Sobre isso, Farrel, da am/pm, disse que a Ipiranga aguarda a redução do custo da tecnologia.

Embora seja a terceira em número de lojas, a rede Select, da Raízen (postos Shell) teve o segundo maior faturamento do mercado, R$ 1,5 bilhão, o que se deve a um tíquete médio mais elevado que o das concorrentes (R$ 14,08). Em 2018, o faturamento mensal por loja foi de cerca de R$ 140 mil, contra R$ 111 mil da am/pm e R$ 82 mil da BR Mania. Procurada, a Select não comentou o desempenho.

Segundo o levantamento da Nielsen, São Paulo tem a maior concentração de lojas deste tipo, com 2.590 unidades, seguido pelo Paraná, com 974 lojas.

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