Por Luis Felipe Salles

O Dia dos Pais teve o melhor resultado da história em vendas online. Entre os dias 25 de julho a 8 de agosto, o e-commerce do varejo brasileiro faturou R$ 3,5 bilhões e foi 41% maior em relação a 2019, quando as vendas foram de R$ 2,5 bilhões. Valor de R$ 1 bilhão a mais, neste momento, é algo extraordinário. E esse percentual de crescimento foi o dobro em relação ao ano retrasado (2018).

Neste ano, foram 8,2 milhões de pedidos pela web – 37% a mais do que no ano passado, com aumento de 3% no valor da compra média R$ 434,00, dados divulgados ontem pela Ebit/Nielsen. Este faturamento é um marco, tendo em vista que o dia dos Pais não é uma data tão relevante quanto o Natal, o Dia das Mães e a Black Friday.

Isso mostra a maturidade das compras online e a confiança do consumidor, também fruto da quarentena com o isolamento social e a necessidade de demonstração de carinho, reconhecimento da família para a figura do PAI, que certamente se fez mais presente nos lares por esse período de quatro meses, em uma relação nunca antes presenciada pela família.

Soma-se a isso a dificuldade de conciliação do trabalho do pai, no caso os que estão em home office, junto com a escola dos filhos no mesmo lar, além de possivelmente uma descoberta para a família de sua colaboração nas tarefas domésticas. Muitos ainda descobriram talento e prazer na gastronomia, ajudando mais os seus entes.

Esses fatos se traduziram em reconhecimento e presente. A mudança se deu de tal forma, que, em plena pandemia, o faturamento das vendas do varejo pela web para o dia dos Pais superou em 9% o da Black Friday do ano passado, período em que o varejo já estava muito mais aquecido. Em 2019, as vendas online da Black Friday do varejo brasileiro foram de R$ 3,2 bilhões. 

Neste recorde do Dia dos Pais divulgado pelo Ebid/Nielsen, o volume dos pedidos estratificados por regiões também sofreu alteração no comportamento padrão das compras. Em relação ao ano passado, os maiores volumes de crescimento foram no Nordeste com 69% de incremento na Região Norte (44%) e Centro-Oeste com 35%.

Os dados revelam um fato interessante: esses altos volumes foram registrados nas regiões em que os shoppings demoraram mais a reabrir. No Norte, ainda há cidades muito afetadas pelo número excessivo de óbitos pela Covid, tais como Boa Vista, Roraima e Manaus. Este fato motivou muito mais a compra online e o delivery por ali. No Sudeste, o acréscimo foi de 27%, o menor crescimento das regiões, porem esta já é a região mais madura tradicionalmente e que sempre deteve quase metade do e-commerce brasileiro.

Esses dados reforçam a consolidação do e-commerce nacionalmente e mostram que, mesmo onde não há shopping aberto, o varejo continua vendendo, especialmente nas regiões mais remotas e cidades de interior.

A força da multicanalidade é cada vez mais evidente. A união da experiência da loja física com a conveniência da compra digital não é uma opção ao varejista, mas, sim, uma regra! Aliado a isso, o atendimento precisa ser primoroso – encantador na loja e humanizado nos canais digitais.

O consumo nos shopping centers, segundo os dados de junho da Abrasce, foi cerca de 54% menor em vendas do que no ano passado, mas eles já se recuperam de forma rápida em função do tempo de fechamento – o ticket médio subiu para 60% e está em R$ 154,70 contra R$ 97,00 do ano passado, ou seja: menos passeio e mais foco do consumidor em compras, haja vista que os segmentos de entretenimento e lazer não foram autorizados a funcionar ainda.

A retomada do varejo está mais rápida que o previsto por analistas do mercado financeiro. O ritmo crescente, já sinalizado com a divulgação pelo IBGE sobre o faturamento do varejo de junho, aponta que houve um acréscimo de 8% em relação a maio. Ainda negativo em relação ao ano passado, porém menos do que se imaginava.

Neste momento, estamos com 538 shopping centers reabertos. São 93% do total, que estão situados em 202 cidades. Em breve, estarão todos abertos, mesmo que ainda em horários reduzidos e com restrições de funcionamento – algo que impacta diretamente nas tradicionais opções de lazer, entretenimento e eventos.

E, no mundo corporativo, a busca por performance para a manutenção do negócio e geração de caixa também está complicada. Empresas e pessoas estão com adaptabilidade de CAMALEÃO e estômago de CAMELO.

Tem a notícia boa! A vacina está chegando e o ANO NÃO ACABOU!

Estão sendo desenvolvidas mais de 166 vacinas no mundo, sendo que 30 estão em fase de testes clínicos, aplicadas em seres humanos, e 6 com resultados positivos na última fase, de acordo com relatório da Organização Mundial da Saúde em agosto.

O que já se escuta na mídia gera ânimo na população e isso é muito bom para acelerar o varejo e os negócios, em especial o fluxo nos shopping centers, que, com o relaxamento controlado, tendem a retomar o bom fluxo no fim do ano.

Creio que muitos segmentos voltarão em breve e as vendas chegarão aos patamares de gerar o ponto de equilíbrio das operações. E o lucro vai voltar, assim como o emprego e o aquecimento da economia, que tem outro indicador que permite confirmar a tendência – a grande queda da taxa Selic, que induz à produção e ao consumo.

O ANO NÃO ACABOU! A pandemia gerou a claustrofobia, sinto que as pessoas querem confraternizar fora do lar. O simples beijo com abraço é algo pelo qual a população está esperando.

O recorde de vendas da semana dos Pais no e-commerce já é um grande exemplo de que os presentes voltarão com força nas próximas datas importantes do varejo. Neste ano, em novembro, ainda teremos 15 dias de promoções na Black Friday e, depois, o Natal.

A autoindulgência e o reconhecimento aos amigos mais próximos poderão ajudar muito a recuperar parte das vendas e minimizar as afirmações de que “esse ano foi pro saco, que está tudo perdido”.

Certamente, o varejo e os shoppings nunca passaram por tanta dificuldade, mas essa batalha creio que teremos o melhor Natal de nossas vidas!

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here