Por Marcos Tadeu Marques
Expansão Riachuelo

Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.

Somos um povo resiliente.

Aprendemos a conviver com mandos e desmandos de todos os tipos de nossos governantes (nas três esferas), nos outros dois poderes e no MPF.

Calma! Não vou me aventurar em desbravar a nossa história. Minha narrativa não seguraria a atenção nem mesmo do mais generoso dos leitores. Vou me ater, superficialmente, ao que temos vivido na pandemia do Covid-19. Na visão de um comerciário.

Vimos de tudo: um presidente que a chamou de gripezinha, um STF que delegou a despreparados estados e municípios a autonomia sobre o tema, governadores e prefeitos que brincam de ser ditadores e revolucionários, respectivamente. Há os que usam a CIÊNCIA para justificar o injustificável. E há os negacionistas.

Na cidade de São Paulo, onde nasci e moro, a sucessão de desatinos parece não ter fim: vias são fechadas e os agentes da saúde não conseguem chegar aos hospitais; o rodízio de carros é intensificado, o que superlota os transportes públicos; as pessoas são proibidas de viajar em pé nos ônibus municipais, o que superlotaria as paradas se as pessoas pudessem obedecer a esta ordem – vejam bem: SE pudessem.

Não se trata de querer, mas de poder no sentido de ser possível, viável, realizável, praticável, etc. Entenderam, gestores públicos, ou querem que desenhe?

Os mais novos não presenciaram, mas, quando o Brasil convivia com a hiperinflação, foram lançadas por anos a fio uma sucessão de iniciativas equivocadas na base da tentativa e erro, quase sufocando este gigante chamado Brasil, até que chegamos à estapafúrdia decisão de se confiscar a poupança dos brasileiros. Tentativa e erro! É isto que fazem, sem se preocupar com os que ficam pelo caminho.

Voltando à gestão (ou falta de) da pandemia, domingo passado presenciamos mais um destes desmandos. Uma decisão judicial suspendeu o decreto da prefeitura de Goiânia que permitia a abertura do comércio no dia seguinte. É inacreditável! Como ficam os custos? Os empresários, como farão?

Talvez o problema seja exatamente o nome empreendedor, tido em nosso País como alguém do mal. Esquecem-se de que eles são os donos das grandes empresas, mas também os donos de pequenas lojas ou franquias que resolveram aplicar o dinheiro que ganharam ao longo da vida para alcançar a tão sonhada liberdade. Ambos fazem bem ao País, e não mal como querem fazer crer. Mas e daí? Que fiquem com seus prejuízos, parecem pensar os governantes.

Por fim, algo inimaginável aconteceu até mesmo no país do risco Brasil, onde há leis que não pegam e os tributos incidem sobre a produção e o consumo.

Um tradicional shopping localizado no interior de São Paulo foi construído na divisa entre as cidades de Sorocaba e Votorantim. O soberano governo do Estado de São Paulo decidiu classificar as regiões por cores e, recentemente, entregou aos prefeitos a decisão do que fazer com relação à reabertura da atividade econômica.

Em Sorocaba decidiu-se restringir, mas, em Votorantim, não. O resultado? Parte do shopping pode abrir de um jeito e parte, de outro. Difícil de acreditar! Um mesmo empreendimento com liberações diferentes a depender de onde está a parte do seu imóvel. Se você, vendedor de moda, está em um dos municípios, não pode abrir. Azar o seu. Se estiver no outro, pode. Sorte sua!

Não pensem que apenas os governantes citados são o problema. Definitivamente, não! A metástase se alastrou por todos os estados e grande parte dos municípios, travestida no sistema de bandeiras – nova modalidade de gestão da crise que alguém criou e muitos copiam.

Em tempo: em Goiânia, o comércio foi autorizado a abrir dois dias após ter sido proibido, horas depois de ter sido permitido. Uma espécie de trava-língua que, se não fosse trágico, seria cômico.

E assim vamos vivendo até que a próxima decisão nos atrapalhe.

3 COMENTÁRIOS

  1. Realmente a junção vírus com péssimos governantes tem causado a tempestade perfeita em nosso País! Só explicitou ainda mais a falta de preparo dos nossos políticos e sua agenda pessoal de poder onde a maior preocupação é a briga política e não a luta contra o vírus! Nosso país já está em crise/recessão há mais de uma década totalmente causada por uma crise política que não termina nunca e pela falta de ética e gestão em nosso Supremo! O Brasil tem força econômica de sobra, mas a crise política e a luta pelo poder desperdiçam tudo isso e colocam nossa nação cada vez mais no “buraco”!

  2. Muito difícil, na verdade estas crises só agudizam a inépcia da classe política brasileira. Imagina onde estaríamos, se não tivéssemos que arrastar este peso morto nas nossas costas. Não satisfeitos em não fazer nada com as grandes somas de dinheiro que nos extorquem diariamente, eles ainda nos atrapalham. Veja a situação trágica da política tributária no Brasil e mais especificamente no IPTU, ITBI e demais impostos municipais e estaduais. No Campo Limpo Paulista o prefeito e os vereadores acordaram com vontade de mudar a sua política de IPTU, resultado agora para não ser considerada área urbana o contribuinte tem que ser produtor rural comercial, criar empresa e comprovar venda de produtos. Em São Paulo a quantidade de imóveis comerciais inviáveis por conta do IPTU somente cresce, parece que vivemos na idade média onde o senhor feudal institui seus próprios impostos e toma propriedades dos inadimplentes. A Inconfidência mineira eclodiu pois o Governo português cobrava a derrama, um quinto (20%) de imposto, se os inconfidentes soubessem como somos explorados hoje……
    Excelente texto, grande reflexão.

    Grande Abraço

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